Eu não sou daqui

Eu não sou daqui

sou de outras terras

d´além serras

terras de pequi.

Das Minas de mundos Gerais.

de outros rios-mundos

terras dos carcarás.

De vida simples,de instantes muito profundos.

Laranjeiras,bananeiras nos quintais

romãzeiras,araticuns,e mananciais

cagaiteiras, jardins inteiros em flor.

terra que se planta carinho,só se colhe amor.

Sou do vale entre rios de curvas várias

que banham aldeias,homens e animálias

Rio das velhas,Santa Luzia

Seguem juntinhos,nessa poesia.

Lembranças da lagoa feita por meu pai

das hortas e cisternas,das cercas,e cancelas

do pé de nozes,vozes internas acesas no fogão de lenha

que quentou comida,que quentou muita gente e almas.

Porteiras,visagens,paisagens,breus e cantorias

sentado no cocho de dar água e capim pra boi

só quem viveu pra interpretar como foi

de onde brotaram minhas primeiras poesias.

Imagens vistas por olhos,olhos d´águas

mas guardadas no coração.

Esse lugar onde dormem almas claras

onde mora o pavio da emoção.

Onde um ode,uma sinfonia de passarinhos

desde seus ninhos,sempre encantavam ao amanhecer

anunciando as estações,e mais um dia a se viver

dando exemplo do canto livre,cantos com carinhos.

Eu menino pequeno,descalço solto pela estrada

pisando pedras,espinhos,mas também grama molhada

sigo sonhando pela vida,pela nova alvorada

esse canto que existe e insiste dia,tarde,ou madrugada.

Pois a vida,essa linda flor desesperada

precisa de ser cuidada,para ser muito bem amada

senão passamos ligeiros sem viver ela direito

temos que arrancar toda essa dor no peito.

E seguir em frente,sempre atento a voz da razão

pois vem de nossa força de pensar,cada nova decisão

que define o rumo,dessa louca procissão

e os frutos que colheremos,desta infinita plantação.

Autor: Ismael Rocha.

Imagem Cagaiteira ou Cagaita"(Eugenia dysenterica DC, Myrtaceae) fruta típica do Cerrado/ Cerrado Mineiro

 Cagaita


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Sabor de Minas tem este poema ....adorei